Por: Unknown
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Gilberto dos Santos Martins
Ator, Professor e Mestrando em Artes-UFU
O
método de pesquisa utilizado, “experimentado”, por Tânia Brandão na
investigação de casos não pesquisados ou até mesmo esquecidos e suplantados no
tempo, trazido do campo da História, por ora tem sido eficaz na construção da
História do Teatro Brasileiro. A pesquisadora em sua introdução do livro “ Uma
empresa e seus segredos: companhia Maria della Costa, apresenta dentro da
historiografia, o método da História Oral para trazer à baila a discussão e a
importância da Cia que por muito tempo adormeceu no esquecimento da história
oficial do teatro nacional. Nos livros e revistas que tratam do cenário
artístico e teatral brasileiro muito raro tem se falado dessa Companhia que,
assim, como “nomes de grupo fortes” como: Os Comediante, Teatro Brasileiro de
Comédia-TBC, Teatro do Estudante, Grupo
Arena e Oficina, imprimiu sua marca na modernização e profissionalização dos
nossos palcos.
A
companhia/empresa, não raro, representou um caso bastante difícil de desvendar
e vir para o amplo campo de discussão dos estudiosos do teatro, pois, segundo
Brandão (p.28), “o ponto de partida era o zero ou quase. Quando o projeto de
pesquisa começou, não existia nenhum texto escrito sobre o movimento estudado”.
O trabalho de pôr à vista de leitores a história do teatro no Brasil é sempre
complexo, há uma enorme dificuldade em fixar no tempo e no espaço, vários
eventos que serviram de base para que tenhamos esse sistema complexo de
propostas estéticas, às vezes experimentais e às vezes, quase sempre, maduras.
Quando os temos em mãos faz-se mister analisá-los com bastante atenção e
cautela no sentido de depurá-los de opiniões pessoais corriqueiras, parciais e até mesmo equivocadas.
A escassez de material que comprovem
atividades teatrais no passado tem feito os pesquisadores da área mergulhar em
campos-áreas outros para, quem sabe, lançar mão de metodologias que alcancem
informações que apenas os braços teatrais não têm extensão o suficiente para
chegar. É louvável o interesse de dá as mãos a teóricos que não fazem parte do
próprio limite de olhar para fugir de uma opinião unilateral em benefício de outra
plurilateral. É assim que a pesquisadora Tânia Brandão tem feito, onde vai
buscar na História Oral um fio para pensar o nosso teatro e mais,
especificamente, a companhia Maria Della Costa. No que tange a técnica da
História Oral, Portelli (1997) nos diz:
“A
História Oral é uma metodologia de pesquisa voltada para o estudo do tempo
presente e baseia-se na voz de testemunhas, com o objetivo de escutar e
compreender o pensamento dos atores sociais que vão, ao narrar, construindo ao
mesmo tempo a sua história pessoal e a da comunidade.” ( PORTELLI, 1997, p. 08)
Há
um forte movimento que tem se estabelecido em demasia no interesse pelo teatro
que se faz no hoje, em detrimento ao que ficou na história ou até mesmo apagado
por alguma razão. É obvio que uma potencia não exime outra, não estamos aqui
fazendo apologias apenas às pesquisas do ontem e esquecendo do hoje, pois o ontem
só existe porque foi uma construção do hoje. Mas, o que fazer, pois, quando
estamos interessados em uma pesquisa que não possui nenhum registro concreto de
sua existência, apenas falas subjetivas? Caso que a autora ilustra com sua
pesquisa da Cia Maria Della Costa. Onde os materiais pungentes e significantes
não ultrapassam o campo da individualidade dos que puderam usufruir e dos que
estiveram na posição de criadores no ato de sua efemeridade.
Conforme
Brandão (2006, p.111) “a pesquisa teatral é sempre documental, nunca é
monumental”. A afirmativa da autora é bastante relevante ao contexto da
companhia Maria Della Costa, pois por mais que estejamos a nos rodear por uma
pesquisa de algo que está visível, vivo e presente, a condição de efemeridade
da obra ou do evento teatral levará o pesquisar a apenas registrar e para isso
deverá ir em busca de marcas escritas, fotográficas, imagéticas para trazer a
essência do que já se dissolveu no tempo;
o objeto não será, obviamente, reconstruído literalmente, por isso não
monumental, somente acessado por vias de documentos.
REFERÊNCIAS
BRANDÃO, Tania. Uma empresa
e seus segredos: Companhia Maria Della Costa. São Paulo: Perspectiva; Rio de
Janeiro: Petrobras, 2009.
METODOLOGIA DE PESQUISA EM
ARTES CÊNICAS/ org. André Carreira [ et.al.].- Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006.
(MEMÓRIA ABRACE; 9). p. 105-119.
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